O outro lado do intercâmbio

Oláa queridos leitores, rs. Como sempre fiquei a semana inteira sem dar notícia de vida, mais aqui estou eu no costumeiro domingo, pronta pra contar como foi minha semana... maas, como minha semana foi meio parada, e eu não tenho muitas novidades pra contar, eu resolvi falar nesse post, até pra ajudar os "soon to be" intercambistas, do outro lado do intercambio. Porquê querendo ou não, quando nós estamos para fazer o intercâmbio, nós nos enchemos de expectativas, ou seja ter irmãos na familia nova, ter host parents legais( pois é até isso pode não se tornar realidade), ser popular na escola, fazer vários amigos na escola, etc.

Cada um tem sua expectativa, e na maioria das vezes, sinto dizer, elas não vão se tornar realidade. Foi assim comigo, eu tinha certeza de que teria host brothers super legais, de que minha familia seria boa, que na escola eu teria um monte de amigos e que eu ia ser "a novidade", igual intercambistas são para nós, brasileiros. Mas não foi bem assim, eu nunca entrei em detalhes aqui, mas eu sofri muito na minha primeira família. Ela nunca fez nada pra mim gente, pelo contrário, e eu até tive sorte de não ter que fazer nenhuma tarefa na casa, mas nós eramos o oposto uma da outra, e não existia comunicação, não tinha aquele costumeiro: Como foi seu dia, bom dia, boa noite. Eu tinha que acordar todo dia cinco da manha pra ir pra escola, e minhas aulas só começavam as oito e meia, eu pegava o ônibus da escola da minha mãe pra minha escola( e dava vontade de bater nas crianças do ônibus, elas berravam,ouviam musica alta"funkeiros nos estados unidos, oi"), e na escola até que eram legais as aulas, mas eu me sentia sozinha, eu não tinha nenhum amigo de verdade (e eles são super indiferentes com intercambistas). E depois quando chegava em casa ia pro meu quarto e lá ficava o resto do dia praticamente. Eu chorei muito, deu vontade de desistir, de voltar pro Brasil mais de uma vez. Então eu tomei a decisão, infeliz, de perguntar pra mais de uma família se eu não podia morar com eles, e como a cidade que eu morava era pequena, a história acabou chegando na minha host mom, e o resto vocês já sabem.

Mudar de família foi péssimo, eu não entendi o que estava acontecendo, eu estava na escola quando fiquei sabendo da noticia, tive que fazer as malas em quinze minutos, esqueci mais de uma coisa pra trás, não consegui falar com meus pais na hora, o intercambio falou que tinha até possibilidade de eu ter que voltar pro Brasil. Aquela noite foi quase a pior da minha vida, minha cabeça estava cheia de preocupações, eu estava sem chão, sem nenhuma certeza do que aconteceria comigo, e sem ninguém pra me abraçar e dizer que tudo daria certo.

Mais graças a Deus, a quem eu rezei a noite inteira, tudo deu certo. Eu consegui uma família ótima. Eles são comunicativos, e eu me sinto bem aqui.

Mas eu tenho tarefas, e pode ter certeza que se você for fazer intercambio, provavelmente você também vai ter que lavar a louça, o banheiro, a sua roupa, levar o lixo pra fora, e outras coisas dependendo da família que você pegar. E na escola (claro que isso depende de cada um), vai demorar pra você fazer amigos, ou você não vai fazer nenhum amigo, vai por mim isso não é exagero, eu tenho uma amiga maravilhosa no Brasil, que todo mundo gosta, e no intercambio não fez amigo nenhum, e eu estou do mesmo jeito.

Eles conversam com você e tudo, mais não passa disso. É óbvio gente, que tem pessoas que fazem intercambio, e fazem amigos maravilhosos que ficam pra vida toda, só não é o meu caso,haha.

Outra coisa, a saudade, a saudade é grande de mais. Da família, dos amigos, da sua casa, do seu país, acreditem em mim, o Brasil é bem melhor do que agente pensa, eu só passei a dar valor depois que vim pra cá.

Mais pra concluir tudo que eu disse, eu realmente acho que se você está pensando em fazer intercâmbio não desista, pelo contrário, eu acho que é uma experiência que todo mundo tinha que viver. Só que não pelos motivos que nós normalmente vamos. O intercâmbio nos faz ver outro lado da vida, nos tornarmos independentes, mas o mais importante de tudo, nos faz crescer.